30 de dez. de 2009

Nobody to Love

Nos olhos dela reflete um sorriso, em cascatas até a praia, e então suas palavras como pássaros dourados, adorariam seguir a tempestade. E então a voz delz ecoava, não mais noite adentro, e me lembro de todos os sonhos, e de todas as outras palavras.

Ela sabia que o sol brilhava, ela sabia que a lua brilhava, ela sabia que seus olhos suportavam a luz. Ela sabia que o sol viria e um dia brilharia para todos nós, irradiando sua luz da manhã e guiando-nos pelo dia...

Ninguém para amar, ninguém para amar, ninguém para amar, ninguém para amar, ninguém para amar, ninguém para amar, ninguém para amar, ninguém para...

Agora passo a meia-noite, sem ninguém para amar. Costumava partir ao crepúsculo, sem ninguém para amar.

Ela me largou no ermo... e tudo o que eu tinha era a esperança. Ela me deixou apenas solidão... cada dia tão fria, e agora não tenho ninguém para abraçar.

Ela sabia que o sol viria e um dia brilharia para todos nós, irradiando sua luz da manhã e guiando-nos pelo dia...

by 13th Floor Elevators

28 de dez. de 2009

Reverberation

Você finalmente descobriu que sua mente perdida está presa dentro de você. Você quer sair, mas acredita que não voltará de novo. Você sabe apenas que tem que ir, mas ainda assim não consegue sair. Você tenta e tenta, e morre e morre, está parado pela própria dúvida.

Reverberação! Reverberação!

Você não encontra paz, e isso não cessa, é uma irritação mortal. Mantem-lhe cego, estão lá atrás, cada uma de suas hesitações. Elas prendem seu pensamento, sua mente está pega, você está louco de fascinação. Você pensa que vai morrer, que é tudo mentira, mas é a contrária elevação!

Reverberação! Reverberação!

Você vê reverberação! Em sua outra encarnação, você acha que é só uma sensação, mas é só reverberação!

Você passa a seguir a ladeira que vai até seus medos. Cada coisa que você faz volta pra você, e zune em seus ouvidos. Você passa a lutar contra a escuridão que berra em sua mente. Quando algo negro responde de volta, e lhe agarra por detrás.

Reverberação! Ecoando em seu cérebro. reverberação! Deixando sua mente insana. Reverberação! fazendo seu sangue vazar, deixando apenas restos carbonizados.

by 13th Floor Elevators

20 de dez. de 2009

Ano novo chegando

E cá estamos nós, há 11 dias de 2010. Me lembro do começo do ano como se fosse semana passada (mas sem o teor daquela piada do "me lembro do ano passado como se fosse ontem", por favor). Passou rápido demais. Já tinham me dito que depois dos 20 anos de idade o tempo dobra a velocidade, mas não imaginava que seria tão rápido assim. De certa forma, isso é ótimo, porque esse ano foi um daqueles que você nem quer lembrar nem quer esquecer. Foi um ano qualquer, que não fez muita diferença. 2010 acho que promete coisas boas.

12 de dez. de 2009

Da série "Melhores desculpas masculinas!"

1: "Não é você, sou eu."
2: "Quero ser só seu amigo."
3: "Tenho medo de te machucar."
4: "Não sou bom o suficiente pra você."
5: "Acabo de sair de uma relação ruim e não estou pronto pra começar uma relação nova." (Por Salem.)
6: "Não estou pronto para uma relação séria." (Também por Salem.)

2 de nov. de 2009

Top 3 análise dos berros de Roger Waters em músicas do Pink Floyd

  • Nível 1: Careful With That Axe, Eugene é um exemplo de berro excruciante, quase como um alien sendo dissecado.
  • Nível 2: Pow R. Toc H. nos presenteia com um berro alucinado do tipo cavalo relinchando sendo atropelado por um carro cantando pneu.
  • Nível 3: Several Species of Small Furry Animals Gathered Together in a Cave and Grooving with a Pict nos mostra um berro divertido como de anões após cheirar gás hélio. (Essa foi do Eric Iozzi.)

26 de out. de 2009

"It feels like years since it's been clear..."

É uma merda como a depressão, quando ataca, faz uma reviravolta insana na vida, assim sem mais nem menos. De repente, uma coisa que só te deixava um pouco mal e que logo passava, hoje fica 20.000 vezes pior e faz desanimar de um jeito louco, que não dá pra explicar. Dá vontade de sumir do mundo. E não vou negar que nesses últimos dias passaram pela minha cabeça mil jeitos diferentes de dar um fim em tudo. Mas sou covarde demais. É chato quando você percebe que só o remédio te deixa bem: isso deixa claro que a vida inteira vai ser assim. E isso me deixa mais mal ainda.

O mais chato ainda é o desânimo ser sentido com coisas que gosto. Dar aula já não é mais como antes, é um sufoco entrar na sala sem me sentir um lixo. E com os episódios de pânico acabo dando aula com dores de cabeça, moleza e ansiedade mil. Lógico que dentro eu acabo me transfigurando, mas acabou a aula, voltei a ficar como estava antes. E o violão? Está largado aqui. Ontem peguei enquanto fazia minha janta e dei uma treinada. Fiquei menos mal do que eu estava porque de cabeça consegui tirar o solinho inicial de Here Comes the Sun dos Beatles. Uma música que se encaixa, né? Espero só que o sol não demore a aparecer pra mim porque tá sendo muito foda. Já não tenho mais saco pra encarar as pessoas, e gostaria de me enfiar em um buraco e viver lá até a sensação ruim passar. Infelizmente não dá, né? O trabalho me impede.

8 de out. de 2009

Presentão para eu mesma

Quando disseram que os remasters dos Besouros estavam lindos, não botei fé. Mas estava querendo muito, até pelo fato de não ter nenhum disco deles físico. Eis que essa semana estava pensando em me dar um iPod de presente mas o cara do Mercado Livre depois de ter a conta desativada me deixou desolada - ao mesmo tempo aliviada, imagina perder 300 e tantos reais numa roubada? Mas acho que estou numa puta maré de sorte. Enfim... num momento de desolação (e depois do meu PC ter pego vírus e eu ter que passar o feriado sem porcaria nenhuma pra fazer) resolvi comprar uns CDs pra aumentar minha humilde coleção. Aí, comprei 6 remasters dos Besouros e dois discos do Pink Floyd. Próxima semana pretendo comprar o Sell Out do The Who

Os digipacks desses remasters estão simplesmente destruidores. Se todo disco fosse lançado do jeito como esses dos Beatles, nossa, eu seria uma pessoa feliz. Até deixava de baixar tanta MP3 e me apertava pra comprar. Eles vem com um encarte cheio de fotos e textos, a embalagem tem fotos por todo o lado e o CD tem impresso o selo do vinil original, é sensacional demais! E, sem contar que a qualidade sonora é de matar. O preço vale demais, até porque como disse, a embalagem é linda, não tem como não ficar virando e revirando pra ficar babando. Já estou com o Rubber Soul, Revolver, Magical Mystery Tour, White Album, Abbey Road e Let it Be, que são os que mais gosto. Do Pink Floyd comprei o Atom Heart Mother e o Wish You Were Here. Super 'da horinha'! 

3 de out. de 2009

Mais uma borboleta na minha vida

Estou extremamente apaixonada pelo Butterfly dos Hollies. Confesso que quando ouvi a banda pela primeira vez - isso deve ter sido lá pelo início de 2003, quando estava me aventurando pelo mundo dos tesouros sessentistas e/ou psicodélicos - o som não me agradou muito. E acredito que tenha sido algo da fase British Invasion. Precisou passar esse tempo todo pra eu finalmente baixar algo de novo e gostar. É louco esse lance que tenho com certas bandas e certos sons. Como, por exemplo, o primeiro disco dos Electric Prunes, I Had Too Much to Dream. Em 2004 quando baixei pela primeira vez achei um saco, tanto que só dei atenção mesmo pra música título. Ano passado, na gana por ouvir coisas diferentes, resolvi baixar de novo e não é que curti demais? Ouvi todas as músicas com atenção e hoje é um dos discos que na minha opinião é essencial na coleção de qualquer pessoa que como eu, morre por qualquer banda vinda da década de 60. Voltando aos Hollies, Butterfly é demais. Tem letras fofinhas e melodias bonitinhas, mas também tem o experimentalismo com sons mais indianos no melhor estilo georgeharrisoniano, e letras bem transcendentais, como Maker e Try It. Sabe aquele disco que você fica pensando 'Como fui feliz se nunca tinha ouvido isso antes?' É bem assim. Tem muita coisa que costumo dizer 'Você nunca foi realmente feliz se não leu/viu/ouviu tal coisa' e Butterfly figura nessa minha enorme listinha.

É incrível como 67/68 foram dois anos repletos de discos bons. Parece que o mundo da música, junto com o resto de tudo no planeta nos anos 60, se reprogramou totalmente e todo mundo, mesmo os artistas folk, começaram a experimentar com pegadas mais lisérgicas ou então total flower power. Todo mundo em sã consciência (se é que isso foi possível no final da década de 60, alguém estar em sã consciência) lançou pelo menos um disco psicodélico ou viajou total no mundo do baroque pop. Posso passar a noite inteira citando discos de rock psicodélico/baroque pop sem nunca cansar. Aliás, aquela coleção 1001... podia ter um lance especial só pra rock psicodélico/baroque pop. Com a gama de bandas que apareceram nos anos 60 dava pra compilar 1001 fácil, fácil. Eu me voluntario pra ajudar a escrever! E pra quem está se iniciando no mundo technicolor das lisergias, deixo abaixo uma lista com os discos essenciais. Além da maravilha sonora, dá pra viajar nas artes das capas, então have fun!

P.S.: Lembrando que essa é a minha lista, então lógico que ficaram faltando coisas óbvias como Janis, Jimi Hendrix, Cream e afins, mas essa é a minha listinha essencial e garanto que quem ouvir vai curtir muito. Os discos do Small Faces e Les Fleur de Lys são compilações. O do LFDL na verdade é tudo já gravado pela banda, já que eles não possuem um disco oficial de estúdio.


P.S. 2: Passando o mouse por cima de cada imagem você tem a descrição do disco e o link para o Rate Your Music com as informações essenciais como faixas, popularidade, etc.


The Hollies - Butterfly (1967)Blossom Toes - We Are Ever So Clean (1967)The Seeds - A Web Of Sound (1966)The Zombies - Odessey And Oracle (1968)The Chocolate Watch Band - The Inner Mystique (1968)13th Floor Elevators - The Psychedelic Sounds Of... (1966)The United States Of America - The United States Of America (1968)The Amboy Dukes - Journey To The Center Of The Mind (1968)The Blues Magoos - Psychedelic Lollipop (1966)The Move - The Move (1968)The Lollipop Shoppe - Just Colour (1968)The Electric Prunes - I Had Too Much To Dream (1967)The Standells - Dirty Water (1966)The Small Faces - From The Beginning (1967)Billy Nicholls - Would You Believe (1968)Les Fleur De Lys - Reflections (1996)Love - Da Capo (1967)The Yardbirds - Roger The Engineer (1966)Gandalf - Gandalf (1968)Strawberry Alarm Clock - Incense And Peppermints (1967)Jefferson Airplane - After Bathing At Baxter's (1967)Pink Floyd - The Piper At The Gates Of Dawn (1967)The Who - Sell Out (1967)The Doors - Waiting For The Sun (1968)The Beatles - Magical Mystery Tour (1967)

2 de out. de 2009

Três maravilhas musicais sessentistas

- A cuíca supersônica do 13th Floor Elevators, predominante em todas as músicas;
- O pseudo-teclado-na-verdade-guitarra com reverb alucinante da Chocolate Watch Band em In The Past;
- A flauta de Changes dos Zombies.

30 de set. de 2009

Nostalgia de uma velha de quase 25

Outro dia bateu uma saudade dos ecos passados de pessoas com quem convivo ou convivi. Não pode ter sido só eu que fiquei mais séria, mais neurótica, mais problemática, os outros também mudaram... Alguns pra pior. Isso é triste porque algumas dessas pessoas faziam parte da minha rotina diária, ainda mais por se tratarem de gente aqui de casa. Tenho saudades, mas a nostalgia é só o que sobrou mesmo, ninguém vai mais voltar a ser o que era antes.

11 de set. de 2009

Psicologia, sinônimo para 'queremos seu dinheiro em troca de um conselho'

Sabe, estava pensando umas horas atrás em como psicologia é algo extremamente idiota e mentiroso. Acho que pensei porque vi uma ex-psicóloga minha fazendo retorno na rua enquanto eu atravessava, voltando do banco pra minha casa. Já fiz terapia. Foram duas tentativas frustradas com uma psicóloga e outra não tão frustrada com outra psicóloga.

A primeira vez que fiz terapia na vida foi logo depois de entrar na minha primeira crise de pânico em 2004. Só que era uma merda, ela seguia Jung e só fazia perguntas sobre meus sonhos. Eu lá me fechando para o mundo e ela querendo saber do que eu tinha sonhado durante a semana. Ela me dava uns conselhos tão bestas sobre como parar de me fechar para a vida, coisas do tipo 'Você tem que sair mais'. Óbvio que eu devia sair mais, não? O problema era justamente conseguir sair de casa, mas enfim... Acabei parando porque, de um jeito que não entendo até hoje, caí, fui pro fundo do poço e me levantei sozinha, sem remédio nenhum. Na verdade, nem que eu quisesse remédio não tomaria porque ela era adepta da homeopatia e não me indicou psiquiatra nenhum. Na época eu tinha medo porque psiquiatra pra mim era sinônimo de loucura, tinha medo de ir sem indicação nenhuma, só que homeopatia pra mim é como chá, não faz efeito nenhum. Em 2006, quando entrei na segunda e definitiva crise de pânico, a que assolou minha vida social completamente, cheguei a voltar a fazer terapia com essa mesma psicóloga mas, como eu já estava mais experiente nesses lances de loucura momentânea, parei porque ela só ficava me engabelando, só queria saber mesmo era do dinheiro depois de cada sessão. É chato você perceber isso. Bem chato.

A terceira vez que fiz terapia foi em 2007. Fiz por conta da própria psicóloga que foi com a minha cara na festa de uma conhecida da minha mãe. Ela viu que a minha ansiedade era crônica e que tinha algo errado comigo porque quando eu tinha pânico estava sempre muito assustada com tudo. Ela até que me ouvia e tudo mais, dava bons conselhos, mas quando descobriu que eu gostava do filho dela, de uma hora para outra resolveu parar. Achei uma hipocrisia desgraçada, babaquice esse negócio de não misturar a vida real com o que acontece no consultório. Ela disse que eu na verdade não sentia o que sentia pelo carinha, era tudo fantasia, carência, e só porque era filho dela mesmo. Psicólogos! Dois ex meus faziam terapia há anos e eram uns bostas como pessoas. Na real, terapia não ajuda em nada. O alívio que você sente é o de poder falar tudo o que quer, só isso, e ainda assim é passageiro. Aí, o alívio desencadeia a confiança que você acha que está sentindo por causa dos conselhos milagrosos do terapeuta e nem é, é tudo você mesmo que faz, seu próprio corpo reagindo diferente. Mais fácil pagar um amigo pra te ouvir do que uma pessoa desconhecida. 'Ah, mas o amigo vai ficar lá dando pitaco na minha vida,' mas a pessoa desconhecida também vai te dar lição de moral e fazer você analisar o que sente. Certo que alguns amigos são uns bostas como conselheiros, mas sempre tem alguém bom o suficiente para ser seu psicólogo particular. 

Concluo dizendo que psicologia não ajuda a curar problema nenhum, você paga uma pessoa pra fazer você enxergar que é capaz de se curar sozinho. Não é mais fácil você abrir sozinho os seus próprios olhos sem ter que pagar? Usa a grana pra fazer coisas mais úteis. Se sentir vontade de falar, conversa, sei lá, comigo. Eu sou uma boa ouvinte e dou bons conselhos - ainda mais depois de tudo o que passei com minha cabeça, depressão, pânico, ansiedade, crises existenciais... sou craque. E não cobro. Peço apenas que me ouça de volta caso eu fique mal um dia. Só.

19 de ago. de 2009

A synthetic type of alpha-beta psychedelic funkin'

Firestarter do Prodigy é um elektronik pauleira bom demais da conta. Dá pra ficar parado? Me diz! Não, não dá! É que nem 'The Salmon Dance' dos Chemical Brothers e 'Harder, Better, Faster, Stronger' do Daft Punk. É impossível não mexer pelo menos os ombros. Pena que raves são doideira demais pra mim. Não tenho as 'manhas' de varar a noite acordada como quando eu tinha 15, 16 anos. Sem pique total. Acho que nem injetando energético na veia eu aguento. Minha cunhada já quis me levar mas nem rolou. Eu até achei a ideia sensacional, do tipo, 'Nossa, primeira rave da minha vida!', mas conforme o dia da compra dos ingressos foi se aproximando, amarelei. Além de ficar longe pra caramba - quase 4 horas de viagem -, ia varar a noite até a tarde do dia seguinte. E, poxa, domingo ainda por cima. Ia chegar quebrada em casa, tendo que dar aula cedo no dia seguinte. 

Rave eu não aguento pelo lado físico da coisa toda. e aí você me diz, 'Bom, quer ouvir um eletrônico legal? pega uma balada oras!' e aí eu te respondo, 'Balada? Não, obrigado, acho que prefiro ficar em casa.' Sério, prefiro mesmo, porque balada aqui em santos é um programa totalmente babaca. Vou pra onde? As danceterias daqui de Santos são decadência total. E ainda mais tocando aquelas músicas dance que passam na Jovem Pan, ia passar a noite querendo morrer. Quero é uma festa eletrônica que não seja exatamente uma rave, pra eu poder me acabar sem passar horas em pé. Eu sei que em raves geralmente tem lugares para os ravers dormirem, umas tendas improvisadas e tal, mas comigo esse tipo de coisa não rola mesmo. Não consigo dormir fora de casa, mesmo que seja só um pequeno cochilo. E como vou ficar sentada esperando, porque se eu depender de eventos de música boa nessa cidade estou ferrada, coloco pra tocar no meu celular a minha playlist batizada de ElectroCarol e fico dançando discretamente no ponto de ônibus, na fila do banco, no caminho pro trabalho (é muito bom ir a pé pra qualquer lugar ouvindo música eletrônica, dá pra sincronizar os passos com a batida da música, recomendo). 

Alguém se habilita a fazer uma micro-rave de umas 5 horas só, mas que realmente toque só música eletrônica de verdade e não dance music da Jovem Pan? Eu agradeço de coração!

16 de ago. de 2009

And by the way, which one is Pink?

E cá estamos nós com unhas mal pintadas de vinho, ouvindo um Floyd, pensando se estou com saco para arrumar os cachos do meu cabelo. Nesse meio tempo já deitei na cama da minha mãe, ao lado da minha preguiçosa gata e devaneei sobre meu mais novo amor (ah se esses devaneios tornarem-se realidade...). Descobri que ele tem uma tatuagem no ombro, então talvez não reclame das minhas se um dia nos tornarmos alguma coisa. Entre uma coisa e outra entorno xícaras e mais xícaras de café pra acordar. Realidade, cá estou eu!

Mas falando de coisa boa que não é a Tekpix, em todos esses anos de floydiana nunca pensei que fosse dizer que Roger Waters é Deus. Mas é. Um deles, pra deixar claro: antes ele era só um semi-deus. Quando eu era adolescente não queria saber se ele é quem tinha escrito praticamente 90% das composições, ficava irritada quando vinham com esse argumento pra dizer que ele era o cara dentro da banda. Só que ele é mesmo. Todos os discos da fase clássica do Pink Floyd são praticamente Roger Waters de cabo a rabo, e duas ou três composições em conjunto - vulgo, letras! Melodias eu sei que só funcionavam bem quando compostas em conjunto, mas agora estou falando das letras. E sem o perfeccionismo cerrado, as músicas não seriam tão belas e emocionantes. Porque ele era mesmo um cara chato quando se tratava de entrar em estúdio pra gravar algo ou então fazer um ensaio. Se tudo não estivesse perfeitamente encaixado, guitarra entrando na parte que ele queria, o Mason na bateria acompanhando o baixo do jeito certo, ele fazia todo mundo recomeçar até ficar tão bom quanto ele pudesse deixar. Eu não entendia essa ditadura, mas agora agradeço por ele ter sido tão exigente. Porque para o Floyd se tornar inesquecível como o Waters tanto quis só sendo extremamente perfeito, sem absolutamente erro nenhum.

Infelizmente, a banda só era extremamente foda quando os quatro caras funcionavam como uma 'unidade', todo mundo na mesma sintonia, só que não tem como negar que sem as letras do Waters talvez o Floyd fosse mais uma banda de rock progressivo entre tantas outras. Por exemplo, o que seria de Dark Side of the Moon sem a letra de Eclipse? Ou então de Time? Shine on you Crazy Diamond escrita e cantada originalmente por outra pessoa não teria o mesmo peso. E Cymbaline? Essa é pra mim uma das maiores composições do Waters, na transição de psicodélico pra progressivo. Mas eu sei que sem a voz do Gilmour, muitas das músicas do Waters não seriam o que são. Porque embora fossem muito perturbadoras, só o Gilmour conseguia imprimir calma nelas. Sem a voz dele, a beleza mórbida das letras do Waters não seria expressada do jeito certo. Assim como admito que o mesmo vale para a guitarra do Gilmour. Sem o solo de Time, nada faria sentido nessa vida, não é? Mas

Enquanto um membro do Floyd, o Waters escrevia com a alma dele. Não, sério mesmo, sem essas de ser brega. Ele buscava a parte mais obscura lá da alma dele pra compor suas canções. Mesmo as mais bonitas, ou são sarcásticas ou são depressivas ou são mórbidas. Tá, mas e o Sydão? Bom, eu continuo amando meu querido Syd Barrett de cabelos rebeldes, roupas coloridas e toda aquela infantilidade das composições do The Piper at the Gates of Dawn, mas é que depois de passar por tanto perrengue de uns cinco anos pra cá, acho que me tornei dura demais, então passei a entender o outro Roger melhor, e hoje são as letras dele que fazem sentido, não as do inocente e incompreendido diamante doido, que  continuo amando demais da conta.

E o Rick? Continua sendo o meu preferido de todos, meu Jesus Christ Superstar, com aqueles cabelos longos e barba e bigode da época do Pompeii. Sem os teclados dele, o Floyd não teria a aura sobrenatural tão importante pra mim. Através dos teclados do Wright, quantas vezes não saí de mim? Aqueles teclados exerceram uma influência psicodélica em meus dias alucinados de café, com apenas uma vitrola e a janela do meu quarto escancarada pra ver a lua alta no céu com trocentas estrelas ao redor. Quando ele morreu foi bem triste, não conseguia acreditar... e, bom, ainda não caiu a ficha. Até porque pra mim ele foi eternizado como aquele cara da época do Pompeii. Pra mim ele nunca envelheceu nem morreu, ele é aquilo ainda, e sempre será. E, pra dizer a verdade são todos, ainda, daquele jeito pra mim. Os caras que vejo hoje não são nem o Roger nem o David, são apenas dois velhos revivendo, nos seus respectivos shows solo, o que um dia foi o bom Floyd.

E já que abri meu coração sobre o que penso e sinto sobre um das bandas mais importantes da minha vida, uma coisa que me deixa realmente muito triste nisso tudo é que nunca verei a formação clássica junta. Rick morreu, não faz mais sentido. Lembro da emoção que senti em 2005 ao vê-los juntos no Live8, mas não cheguei a chorar. Estava tão extasiada, mesmo só assistindo pela TV, que esqueci de chorar. Na verdade chorei só quando meu irmão mais novo ameaçou desligar o vídeo-cassete só porque eu não tinha gravado o show da Joss Stone (que hoje ele nem lembra que existe). Pena que o entrosamento foi ensaiado, mas foi tão legal, tão importante pra mim. Já que nunca pude ir num show com todos vivos, pelo menos o Live8 quebrou o galho. E, bom, nem nunca irei. O máximo que vai acontecer é o Waters vir pro Brasil de novo e eu me debulhar em lágrimas no show dele.

Sendo assim, mesmo que só pelo show do Waters, se é que um dia ele volta de novo mesmo, meu Pink Floyd é para sempre e sempre e sempre e sempre e sempre...

Por uma fã louca e alucinada,
Carol.

15 de ago. de 2009

As mais belas são as mais tristes

Incrível como certas músicas me tocam de um jeito que não dá pra colocar muito bem em palavras. Não sei se elas me deixam contente ou se dá saudade ou se dá melancolia. É uma mistura de tudo. E geralmente trilhas sonoras de estórias que gosto me emocionam demais com determinadas músicas que me abalam de um jeito que pra eu voltar ao meu normal, às vezes demora um dia todo, às vezes só fico bem no dia seguinte. Sou maluca, eu sei. Como, por exemplo, a música Evacuating London da trilha sonora de As Crônicas de Nárnia: o Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa. Não sei bem se é uma música triste mas e traz esse sentimento, só não sei dizer se é porque dentro do contexto do filme ela toca no momento em que os Pevensies deixam Londres para morar com o professor Digory. A cena em si é muito triste, a despedida, todas as mães juntas na estação de trem se separando dos filhos que iam para lugares seguros fora de Londres, que estava sendo bombardeada pelos nazistas. A carinha da Lucy é de cortar o coração. Então, sim, talvez seja uma música muito triste. A voz da solista é maravilhosa e ela não canta palavras que expressem uma ideia, só alguns sons que apenas parecem dizer alguma coisa. Eu acho isso tão bom, ficar imaginando se ela realmente estava dizendo algo ou não, porque em determinados momentos ela parece dizer "one day find love deep there." ("Um dia encontre o amor lá no fundo."). Já chorei vendo Nárnia por causa da trilha sonora em conjunto com determinadas cenas várias vezes.

Outra música de trilha sonora que me deixa arrepiada é uma de O Senhor dos Anéis: As Duas Torres. Gollum Song conseguiu exprimir toda a solidão do pobre Gollum através de uma cantora com voz de anjo chamada Emiliana Torrini. Dá pra imaginar o próprio Gollum cantarolando para seu outro eu os versos "These tears we cry are falling rain, for all the lies you told us, the hurt, the blame. and we will weep to be so alone, we are lost, we can never go home." ("Essas lágrimas que choramos são como chuva torrencial, por todas as mentiras que você nos contou, a dor, a culpa. e nós choraremos por estarmos tão sozinhos, estamos perdidos, nunca poderemos voltar pra casa.") É de partir o coração, mas é maravilhoso. Mais uma que está na mesma trilha e me deixa extremamente triste é Evenstar com a cantora Isabel Bayrakda, e os versos em élfico dizem "não é o fim, é o começo, você não deve hesitar agora." e toca na cena em que o Elrond diz para a Arwen que deve seguir com os elfos para o Oeste. E como argumento para convencê-la, diz que esperar pelo Aragorn só vai lhe trazer sofrimento, ele morrerá eventualmente, e ela passará todas as eras de sua vida em solidão. A cena é tão linda e tão triste (gastei minha cota da palavra 'triste' nesse post) que me deixa meio desolada vê-la se imaginando parada em frente ao túmulo do Aragorn depois de muitos e muitos anos, toda vestida de preto, a solidão e a saudade imprimida no rosto dela. Choro que nem bebê. 

Que venham mais trilhas de bons filmes para me emocionar.