29 de jan. de 2013

Um lamento de mãe

Mãe, por que choras?
Por causa dos teus irmãos.
Já falei que não sou irmão dos homens.
Uma vez que todos vem de mim, és sim.
Mas dessa vez o que foi que eles te fizeram? Quebraram, queimaram, saquearam, machucaram teu corpo?
Morreram.
E por que choras, não vês o alívio que recai sobre tuas feridas?
Meu coração de mãe tem lugar para todos.
Como podes ter lugar no teu coração e amor para esses que te fizeram tanto mal?
É que tua mãe não consegue ver o mal dentro de teus irmãos.
Esse é teu erro.
Talvez o seja, mas não sei não perdoar.

27 de jan. de 2013

Iamamiwhoami e como o desgosto tornou-se amor outra vez

Uma vez ou outra algum amigo sempre me apresenta alguma banda ou algum artista que eu acabo gostando tanto que viro fã e vou atrás dos discos em seus devidos formatos: CDs ou LPs. Aconteceu com o Fever Ray em 2011, e com a iamamiwhoami no ano passado. Infelizmente não peguei a fase dos virais (videos de menos de um minuto que até hoje deixam um grande WHATHEFUCK pairando no ar) que um monte de gente teve a chance de assistir logo que eram postados, em 2010. Mas, acabei conhecendo ela justo quando ela estava começando a postar as músicas do que viria a formar o primeiro disco propriamente dito dela, com gravadora e lançamentos em CD e LP, a era Kin.

Assim como acontece com diversas fanbases mundo afora, sempre tem os idiotas que acham que sabem mais que o resto do mundo todo junto, e que acabam estragando os momentos de celebração toda vez que algo novo é lançado. Foi assim com o Pink Floyd em 2001, e com a iamamiwhoami no ano passado, quando tive a infeliz ideia de entrar num grupo pra ver se me inteirava das notícias e também tentar fazer amizade com quem também gostava dela e trocar umas ideias. A grande maioria dos fãs, não só desse grupo como de todos os outros existentes, compõem-se das seguintes panelinhas: homossexuais legais, homossexuais que fazem questão de deixar claro que por você ser mulher você é uma merda, homossexuais que querem mostrar que por você ser fã recente não sabe nada e é também uma merda por isso, algumas meninas que por acaso são lésbicas e fãs de Lady Gaga (se bem que no mundo de hoje só eu devo detestar ela com todo meu ser) e uma ou outra pessoa hétero perdida no meio, como eu, que fica se sentindo até hostilizada exatamente pela escolha sexual. Deixando  bem claro que meu problema não estava no fato de eles serem homossexuais, tenho muitos conhecidos que são, e sempre passo bons momentos com eles. O problema é que qualquer coisa no grupo era motivo de discussão e era terminantemente proibido fazer qualquer crítica que não fosse boa senão virava um caos com gente te chamando de recalcada indo até os xingamentos mais populares como 'vadia' e 'maldita'. Eu até entrei na onda do "você tá de recalque," mas depois vi que era uma puta babaquice e fui ignorando o pessoal barraqueiro do grupo em questão, até eles conseguirem me fazer desgostar da cantora e sair e não querer mais contato nem com os que eram legais. Teve até gente roubando foto pra postar em Twitters alheios pra fazer fofoca. Mas levando em consideração a idade das pessoas envolvidas nisso, melhor nem continuar com o raciocínio.

Eu já desgostei e voltei a gostar de outras bandas como o Pink Floyd e os Beatles, e todas as vezes foi por causa dos fãs. Não tenho problema com xiitismo, até acho válido se você realmente acha que a banda é a coisa mais importante da sua vida, contanto que você não queira convencer ninguém disso, porque acaba ficando bem chato. Aí uma crítica não muito boa é feita e logo vem a enxurrada de xingamentos e coisas como "Você não é fã de verdade" ou "Você é uma retardada que não tem cérebro," sabe, uns negócios que não fazem sentido. Óbvio que se você nasce sem cérebro você já nasce morto, nem tem como ser retardado - a pessoa nem faz aquela pesquisa de campo sobre Medicina. E, eu mesma admito que sou xiita de XTC e acho os caras os melhores do mundo. Porém eu sei conversar, então provavelmente ninguém vai odiar XTC. Eu falo que é a melhor banda do mundo, mas não fico tentando convencer ninguém disso. Já teve até amigo que começou a ouvir só ano passado e me conhece desde os tempos de escola e eu comentei da banda há anos atrás, só que ele não teve curiosidade o bastante pra ouvir. Enfim, respeito. 

Com a iamamiwhoami eu vi que seria mais uma na lista de artistas/bandas que eu ia viciar e querer comprar os discos, e foi o que fiz. Comprei os discos quando foram lançados em junho de 2012, acompanhei a fase nova dela, até o último clipe antes de ela entrar numa fase de divulgação fazendo shows pela Europa. Foi uma boa época, porém, os fãs! Sempre eles estragando coisas boas. Acabei pegando raiva dela e parei de ouvir por um tempão. Acho que estava sem ouvir desde setembro do ano passado... Hoje bateu a vontade e ouvi e foi tão bom. Foi a primeira vez que ouvi sem pensar no bando de babacas que são os fãs dela, que deixavam aquela sensação de que não valia mais a pena ouvir nada dela. E também lembrei que em junho desse ano sai a era Bounty em CD e LP.

O que eu mais gostei na Jonna foi que ela fez uma mistureba generalizada (olha a referência completamente away ao Guia do Mochileiro). Os virais chamados de Preludes são videos bem curtos que mostram ela  com efeitos de distorção da imagem, toda pintada, deixando a entender que ela é alguma entidade da natureza, lambendo seiva de árvores e essas coisas loucas que as suecas costumam fazer. Aí vem a era Bounty, que gira em torno do mito da mulher mandrágora. E todos os videos tinham umas conexões entre si muito bem sacadas, além de cada música da era ter um vídeo. Aí eu fui entender que na verdade o projeto era audiovisual, não era só questão de lançar um single aqui e outro ali. Tinha toda uma estorinha por trás das letras e do simbolismo dos videos. Foi muito bem bolado, e eu fiquei maravilhada porque ia poder acompanhar a evolução da estória da personagem bem na era que virei fã, a era Kin. A mulher mandrágora vira mulher de vez e a coisa toda toma um rumo psicológico (que a Jonna Lee insiste que as letras são, na verdade, uma conversa entre ela e os fãs, e como ela se sente em relação a ter pessoas tão presentes porém distantes, essas coisas). Os vídeos foram ficando mais obscuros e esquisitos, dentro de edifícios, espaços brancos ou negros, uns bichos que parecem o Primo It dançando com ela, uma floresta... Fico pensando como seria tomar Daime e ver todos os 24 clipes em sequência. Deve dar o maior barato. Um dia tento. 

Mas, tô feliz que voltei a curtir essa loira lisérgica genial e sueca. Tava com saudades da voz e das letras dela. E dos clipes altamente alucinógenos.

Little hope, sing a song of fire.

23 de jan. de 2013

Has anyone seen Charlie lately?

Charlie just ain't been around.
Everyone's seen Fred is grazing,
Chewing the grass from the ground.

Children say Charlie is happy
Giving balloons to the angels instead.
Where is Charlie, Charlie the Ragman?
Don't throw your clothes out.

The Hollies - Charlie and Fred (1967)

20 de jan. de 2013

Fringe - A série mais legal do mundo terminou

Da forma mais esquisita possível, em um fim de semana de 2009, procurando o que passar como aula de vídeo pra uma das minhas turmas no CCBEU, resolvi assistir Fringe. Tinha visto os comerciais na Warner, porque acompanhava as reprises dos episódios que eu já tinha visto de Supernatural. Nos comerciais, vi que em Fringe tinha o John Noble, e basicamente por isso, já valia a pena assistir. O problema era que sempre esquecia de anotar os dias e horários. 

Naquele sábado, depois de muito pensar no que eu podia passar na aula da semana seguinte, fiquei pesquisando as sinopses dos episódios de Fringe, pra ver se tinha algum que tivesse bastante correria (e bombas e tiros, porque, adolescentes, né?). Após uma lida nas sinopses dos episódios, resolvi procurar por um que parecia ser bem interessante, já que a cabeça de uma das moças envolvidas no caso em questão, explodia. Pensei ser o tipo de coisa que os alunos gostariam.

Quando terminei de assistir o episódio da menina que explodia a cabeça de mó galera junto com a dela, tinha ficado tão empolgada com os protagonistas que acabei vendo a primeira temporada inteira em menos de uma semana. E fiquei feliz de saber que logo mais teria a segunda, ou seja, o negócio era bom já que tinha sido renovado. Constatei depois de uns três dias durante aquela semana, numa maratona maluca de aulas seguida de mais aulas e então do momento de assistir alguns episódios antes de preparar mais aulas, que  pra mim era bem mais interessante do que Arquivo X, que eu acompanhava quando era adolescente. 

Na época levei em consideração que: tinha casos inexplicáveis pela ciência tradicional; tinha agentes do FBI; os personagens tinham histórias com profundidade; tinha uma trama legal que prendia até o fim, e um bônus: um cientista maluco. E o cientista maluco era justamente o John Noble. De cara, o Walter Bishop virou o meu personagem preferido. Ele era excêntrico, completamente louco, gostava de cogumelos, música e sempre tinha as melhores tiradas. No meio de um caso grotesco com sangue e miolos pra todo lado, analisando o corpo da vítima, lá estava o Walter comendo alguma coisa e fazendo alguma piada com humor negro sobre o que poderia ter acontecido. Era sensacional. E o legal é que ele não era um personagem só com tiradas engraçadas, ele também tinha um lado bem triste, e toda a história dele foi construída às custas de preços caros a pagar. Ele era uma pessoa amarga, destruída por conta da ambição quando era jovem, e com bem pouca sanidade. Tinha também um tal William Bell, que depois de muito mistério descobre-se que é o Leonard Nimoy. Foi uma boa season finale, afinal, nada melhor que o outro cientista maluco ser o Spock, né?

Da segunda temporada pra frente me vi imersa no mundo da Olivia Dunham, do Peter e Walter Bishop, do Coronel Broyles, da Nina Sharp, da Astrid Farnsworth, do William Bell e do observador  September. ('Observadores' era como a divisão Fringe os chamava porque eles sempre estavam presentes em momentos importantes da história humana observando o que a gente fazia, mas ninguém tinha a mínima ideia do que eles podiam ser, talvez alienígenas.) 

Mal eu sabia que por três anos e meio eles seriam minha família fictícia. Todas as semanas em que havia episódios lá estava eu fissurada, querendo que a próxima pausa dada pela emissora não fosse tão grande quanto a anterior.

De repente, lá pelo final da segunda temporada, começaram a cogitar o cancelamento da série. O fato de ter de concorrer com outras séries do horário nobre, a maioria feita tendo como público alvo os adolescentes, foi deixando Fringe pra trás. E era injusto, porque a série tinha bastante audiência, porém para os chefes executivos da emissora não era o suficiente. Mesmo depois de a Olivia finalmente ter dado uma chance pra que algo acontecesse entre ela e o Peter. A Olivia virou minha irmã mais velha.

O alívio veio com a terceira temporada, renovada por inteiro, com vinte e poucos episódios. Com ela, veio um universo paralelo com os personagens do lado de lá vivendo vidas praticamente iguais aos daqui; nomes novos; personagens que deixavam o ódio corroer a cada nova estória; alguns casos bizarros, também. E o Walter cada vez mais louco, cada vez mais no fundo do poço, cada vez mais engraçado. E era demais como o Walter daqui era completamente diferente do Walter do lado de lá. O John Noble é muito genial. O Walternate era sério, austero, decidido e um tanto quanto cruel. Ver o John Noble ser capaz de retratar dois Walters completamente diferentes entre si me fazia gostar ainda mais dele. Nesse ponto me peguei pensando se eu era fã mais do Bishop ou do Noble, e até hoje eu não sei. Mas que o Bishop virou meu pai, virou. Eu chorava com ele, ria com ele, me sentia uma merda quando ele se sentia também. Dava vontade de me transportar pro mundo de Fringe e abraçar ele e dizer "Walter, vai ficar tudo bem, vamos tomar um LSD, comer uns candy sticks e ouvir uns discos."

Então veio de novo o perrengue da boataria de que não teria uma quarta temporada. Um monte de sites que postam as renovações das séries especulou que talvez realmente dessa vez não tivesse. Mas era só pra encher o saco, mesmo. O problema é que quando você já está tão viciado em algo, que simplesmente não se vê vivendo sem, acaba acreditando em basicamente tudo o que lê. Isso inclui os boatos de cancelamento. Aí você fica ansioso, depois se desespera, depois pede pra seja lá o que for que você creia que não haja nada de ruim, e então vê que era só exagero.

A quarta temporada foi, com certeza, a melhor de todas. Teve alteração nas linhas de tempo, teve personagem desaparecendo, teve mais observadores que o normal, teve o departamento Fringe daqui colaborando com o Fringe de lá, teve o personagem que tinha desparecido da linha de tempo voltando da forma mais louca possível, e teve mais September. Na verdade sempre teve o September. Em todas as outras temporadas ele aparece, mas na quarta o papel dele foi bem mais significativo. Eu já não sabia mais se meu coração pertencia à Olivia, ao Walter ou ao September. Resolvi que seria dos três, porque eles eram sensacionais. Já que a Olive era minha irmã e o Walter o meu pai, fiz do September meu melhor amigo. 

Ah é, a quarta temporada! Foi a melhor de todas e teve a season finale mais maravilhosa do mundo. Deixa até eu traçar um paralelo, que vai ser meio estranho, pra entender como eu me sinto quando vejo a season finale da quarta temporada de Fringe. Sabe quando você foi assistir O Senhor dos Anéis no cinema, e em todos os filmes as cenas de batalha eram tão fodas, que você sabia que pelo resto da vida nunca mais conseguiria ver filmes que tivessem cenas grandiosas de batalhas que chegassem aos pés de O Senhor dos Anéis, e após anos vendo filmes com batalhas, você viu mesmo que nunca mais vai ter cenas de batalha que te marquem assim? Foi assim que me senti vendo a season finale da quarta temporada de Fringe. Nunca mais vou me sentir tão maravilhada por outra season finale de qualquer outra série. Sei isso do fundo do coração. Foi o episódio que eu mais chorei e gritei com a TV e depois senti uma onda de desgosto que foi substituída por uma alegria imensa, e foi quando meu amor por todos os outros os personagens, além da Olivia, do Walter e do September, se consolidou de vez. Foi o melhor roteiro de toda a série. Mas, óbvio, que isso é o que eu penso e não exatamente o que os outros vão pensar também.

Com a notícia de que a quinta seria a última e havia sido renovada com apenas treze episódios, eu pensei que fosse ficar do jeito que a gente a fica, né: primeiro a ansiedade, depois o desespero e etc. Mas fiquei legal e achei que era até bom que fosse mesmo o fim. Quando a série chega no ápice, tem mais que terminar mesmo, senão fica uma baita duma enrolação sem fim (vide Supernatural que podia ter acabado na quinta mas tá sendo arrastada até agora e só se salva por conta do anjo Castiel). 

Na última temporada de Fringe teve uma nova personagem que causou uma revolução, teve os observadores finalmente deixando claro o que queriam, teve uma anomalia que se ligava aos observadores e teve mais September. O desfecho foi tão triste quanto foi imensamente aliviante. Triste porque perdi minha família (além de alguns bons personagens), e aliviante, porque, no final o que os fãs queriam aconteceu. O medo era que o criador da série, J. J. Abrams, acabasse deixando tudo confuso, como no final de Lost, que foi outra série criada por ele e que até hoje ninguém tem muita certeza do que aconteceu de verdade. Mas em Fringe, o final foi digno.

Espero que o box venha recheado de extras e cenas deletadas. Só isso pra tirar o vazio que a série deixou no peito depois desses três anos e meio comigo.

Olivia, Walter e Peter. Um trio para ser eternamente adorado.

18 de jan. de 2013

Confesso

Que sou 'romantibrega'. Porque nada como sonhar com um David Tennant te carregando nos braços e levando pra bem longe.

Eu gosto do meu subconsciente às vezes.

3 de jan. de 2013

Músicas que foram eternizadas na minha história

01. Danny Elfman (Oingo Boingo) - Gratitude
02. Les Fleur de Lys - Gong With The Luminous Nose
03. 13th Floor Elevators - Slip Inside This House
04. Legião Urbana - Eu Era Um Lobisomem Juvenil
05. Echo & The Bunnymen - Blue Blue Ocean
06. Zen Garden - Dream Made Teller (Manifesto)
07. XTC - No Language In Our Lungs
08. Broadcast - Before We Begin
09. Fever Ray - Keep The Streets Empty
10. Oasis - The Turning
11. Oasis - Underneath The Sky
12. Simple Minds - Don't You Forget About Me
13. Danny Elfman (Oingo Boingo) - It Only Makes Me Laugh
14. Oingo Boingo - Dead Man's Party
15. Status Quo - Ice In The Sun
16. Status Quo - Spicks And Specks
17. XTC - Humble Daisy
18. Tim Maia - Primavera (Vai Chuva)
19. Sharon Tandy - You've Gotta Believe It
20. Jefferson Airplane - Today
21. Shocking Blue - Venus
22. Love - Orange Skies
23. Blossom Toes - When The Alarm Clock Rings
24. Blossom Toes - What's It For
25. Gandalf - You Upset The Grace of Living
26. Gandalf - I Watch the Moon
27. The Cult - Nirvana
28. The Zombies - A Rose for Emily
29. The Zombies - I'll Call You Mine
30. Sharon Tandy - Stay With Me
31. Echo & The Bunnymen - The Killing Moon
32. The Cure - Why Can't I Be You
33. Ivy - While We're In Love
34. Mort Garson - I've Been Over The Rainbow
35. Steppenwolf - Everybody's Next One
36. Blur - Out Of Time
37. Corrigan & Kyteler - Oak and Ash and Thorn (letra tirada do poema "By Oak, Ash and Thorn" de Rudyard Kipling)
38. The Move - The Girl Outside
39. The Doors - Unhappy Girl
40. 13th Floor Elevators - Reverberation