27 de jan. de 2013

Iamamiwhoami e como o desgosto tornou-se amor outra vez

Uma vez ou outra algum amigo sempre me apresenta alguma banda ou algum artista que eu acabo gostando tanto que viro fã e vou atrás dos discos em seus devidos formatos: CDs ou LPs. Aconteceu com o Fever Ray em 2011, e com a iamamiwhoami no ano passado. Infelizmente não peguei a fase dos virais (videos de menos de um minuto que até hoje deixam um grande WHATHEFUCK pairando no ar) que um monte de gente teve a chance de assistir logo que eram postados, em 2010. Mas, acabei conhecendo ela justo quando ela estava começando a postar as músicas do que viria a formar o primeiro disco propriamente dito dela, com gravadora e lançamentos em CD e LP, a era Kin.

Assim como acontece com diversas fanbases mundo afora, sempre tem os idiotas que acham que sabem mais que o resto do mundo todo junto, e que acabam estragando os momentos de celebração toda vez que algo novo é lançado. Foi assim com o Pink Floyd em 2001, e com a iamamiwhoami no ano passado, quando tive a infeliz ideia de entrar num grupo pra ver se me inteirava das notícias e também tentar fazer amizade com quem também gostava dela e trocar umas ideias. A grande maioria dos fãs, não só desse grupo como de todos os outros existentes, compõem-se das seguintes panelinhas: homossexuais legais, homossexuais que fazem questão de deixar claro que por você ser mulher você é uma merda, homossexuais que querem mostrar que por você ser fã recente não sabe nada e é também uma merda por isso, algumas meninas que por acaso são lésbicas e fãs de Lady Gaga (se bem que no mundo de hoje só eu devo detestar ela com todo meu ser) e uma ou outra pessoa hétero perdida no meio, como eu, que fica se sentindo até hostilizada exatamente pela escolha sexual. Deixando  bem claro que meu problema não estava no fato de eles serem homossexuais, tenho muitos conhecidos que são, e sempre passo bons momentos com eles. O problema é que qualquer coisa no grupo era motivo de discussão e era terminantemente proibido fazer qualquer crítica que não fosse boa senão virava um caos com gente te chamando de recalcada indo até os xingamentos mais populares como 'vadia' e 'maldita'. Eu até entrei na onda do "você tá de recalque," mas depois vi que era uma puta babaquice e fui ignorando o pessoal barraqueiro do grupo em questão, até eles conseguirem me fazer desgostar da cantora e sair e não querer mais contato nem com os que eram legais. Teve até gente roubando foto pra postar em Twitters alheios pra fazer fofoca. Mas levando em consideração a idade das pessoas envolvidas nisso, melhor nem continuar com o raciocínio.

Eu já desgostei e voltei a gostar de outras bandas como o Pink Floyd e os Beatles, e todas as vezes foi por causa dos fãs. Não tenho problema com xiitismo, até acho válido se você realmente acha que a banda é a coisa mais importante da sua vida, contanto que você não queira convencer ninguém disso, porque acaba ficando bem chato. Aí uma crítica não muito boa é feita e logo vem a enxurrada de xingamentos e coisas como "Você não é fã de verdade" ou "Você é uma retardada que não tem cérebro," sabe, uns negócios que não fazem sentido. Óbvio que se você nasce sem cérebro você já nasce morto, nem tem como ser retardado - a pessoa nem faz aquela pesquisa de campo sobre Medicina. E, eu mesma admito que sou xiita de XTC e acho os caras os melhores do mundo. Porém eu sei conversar, então provavelmente ninguém vai odiar XTC. Eu falo que é a melhor banda do mundo, mas não fico tentando convencer ninguém disso. Já teve até amigo que começou a ouvir só ano passado e me conhece desde os tempos de escola e eu comentei da banda há anos atrás, só que ele não teve curiosidade o bastante pra ouvir. Enfim, respeito. 

Com a iamamiwhoami eu vi que seria mais uma na lista de artistas/bandas que eu ia viciar e querer comprar os discos, e foi o que fiz. Comprei os discos quando foram lançados em junho de 2012, acompanhei a fase nova dela, até o último clipe antes de ela entrar numa fase de divulgação fazendo shows pela Europa. Foi uma boa época, porém, os fãs! Sempre eles estragando coisas boas. Acabei pegando raiva dela e parei de ouvir por um tempão. Acho que estava sem ouvir desde setembro do ano passado... Hoje bateu a vontade e ouvi e foi tão bom. Foi a primeira vez que ouvi sem pensar no bando de babacas que são os fãs dela, que deixavam aquela sensação de que não valia mais a pena ouvir nada dela. E também lembrei que em junho desse ano sai a era Bounty em CD e LP.

O que eu mais gostei na Jonna foi que ela fez uma mistureba generalizada (olha a referência completamente away ao Guia do Mochileiro). Os virais chamados de Preludes são videos bem curtos que mostram ela  com efeitos de distorção da imagem, toda pintada, deixando a entender que ela é alguma entidade da natureza, lambendo seiva de árvores e essas coisas loucas que as suecas costumam fazer. Aí vem a era Bounty, que gira em torno do mito da mulher mandrágora. E todos os videos tinham umas conexões entre si muito bem sacadas, além de cada música da era ter um vídeo. Aí eu fui entender que na verdade o projeto era audiovisual, não era só questão de lançar um single aqui e outro ali. Tinha toda uma estorinha por trás das letras e do simbolismo dos videos. Foi muito bem bolado, e eu fiquei maravilhada porque ia poder acompanhar a evolução da estória da personagem bem na era que virei fã, a era Kin. A mulher mandrágora vira mulher de vez e a coisa toda toma um rumo psicológico (que a Jonna Lee insiste que as letras são, na verdade, uma conversa entre ela e os fãs, e como ela se sente em relação a ter pessoas tão presentes porém distantes, essas coisas). Os vídeos foram ficando mais obscuros e esquisitos, dentro de edifícios, espaços brancos ou negros, uns bichos que parecem o Primo It dançando com ela, uma floresta... Fico pensando como seria tomar Daime e ver todos os 24 clipes em sequência. Deve dar o maior barato. Um dia tento. 

Mas, tô feliz que voltei a curtir essa loira lisérgica genial e sueca. Tava com saudades da voz e das letras dela. E dos clipes altamente alucinógenos.

Little hope, sing a song of fire.