19 de ago. de 2009

A synthetic type of alpha-beta psychedelic funkin'

Firestarter do Prodigy é um elektronik pauleira bom demais da conta. Dá pra ficar parado? Me diz! Não, não dá! É que nem 'The Salmon Dance' dos Chemical Brothers e 'Harder, Better, Faster, Stronger' do Daft Punk. É impossível não mexer pelo menos os ombros. Pena que raves são doideira demais pra mim. Não tenho as 'manhas' de varar a noite acordada como quando eu tinha 15, 16 anos. Sem pique total. Acho que nem injetando energético na veia eu aguento. Minha cunhada já quis me levar mas nem rolou. Eu até achei a ideia sensacional, do tipo, 'Nossa, primeira rave da minha vida!', mas conforme o dia da compra dos ingressos foi se aproximando, amarelei. Além de ficar longe pra caramba - quase 4 horas de viagem -, ia varar a noite até a tarde do dia seguinte. E, poxa, domingo ainda por cima. Ia chegar quebrada em casa, tendo que dar aula cedo no dia seguinte. 

Rave eu não aguento pelo lado físico da coisa toda. e aí você me diz, 'Bom, quer ouvir um eletrônico legal? pega uma balada oras!' e aí eu te respondo, 'Balada? Não, obrigado, acho que prefiro ficar em casa.' Sério, prefiro mesmo, porque balada aqui em santos é um programa totalmente babaca. Vou pra onde? As danceterias daqui de Santos são decadência total. E ainda mais tocando aquelas músicas dance que passam na Jovem Pan, ia passar a noite querendo morrer. Quero é uma festa eletrônica que não seja exatamente uma rave, pra eu poder me acabar sem passar horas em pé. Eu sei que em raves geralmente tem lugares para os ravers dormirem, umas tendas improvisadas e tal, mas comigo esse tipo de coisa não rola mesmo. Não consigo dormir fora de casa, mesmo que seja só um pequeno cochilo. E como vou ficar sentada esperando, porque se eu depender de eventos de música boa nessa cidade estou ferrada, coloco pra tocar no meu celular a minha playlist batizada de ElectroCarol e fico dançando discretamente no ponto de ônibus, na fila do banco, no caminho pro trabalho (é muito bom ir a pé pra qualquer lugar ouvindo música eletrônica, dá pra sincronizar os passos com a batida da música, recomendo). 

Alguém se habilita a fazer uma micro-rave de umas 5 horas só, mas que realmente toque só música eletrônica de verdade e não dance music da Jovem Pan? Eu agradeço de coração!

16 de ago. de 2009

And by the way, which one is Pink?

E cá estamos nós com unhas mal pintadas de vinho, ouvindo um Floyd, pensando se estou com saco para arrumar os cachos do meu cabelo. Nesse meio tempo já deitei na cama da minha mãe, ao lado da minha preguiçosa gata e devaneei sobre meu mais novo amor (ah se esses devaneios tornarem-se realidade...). Descobri que ele tem uma tatuagem no ombro, então talvez não reclame das minhas se um dia nos tornarmos alguma coisa. Entre uma coisa e outra entorno xícaras e mais xícaras de café pra acordar. Realidade, cá estou eu!

Mas falando de coisa boa que não é a Tekpix, em todos esses anos de floydiana nunca pensei que fosse dizer que Roger Waters é Deus. Mas é. Um deles, pra deixar claro: antes ele era só um semi-deus. Quando eu era adolescente não queria saber se ele é quem tinha escrito praticamente 90% das composições, ficava irritada quando vinham com esse argumento pra dizer que ele era o cara dentro da banda. Só que ele é mesmo. Todos os discos da fase clássica do Pink Floyd são praticamente Roger Waters de cabo a rabo, e duas ou três composições em conjunto - vulgo, letras! Melodias eu sei que só funcionavam bem quando compostas em conjunto, mas agora estou falando das letras. E sem o perfeccionismo cerrado, as músicas não seriam tão belas e emocionantes. Porque ele era mesmo um cara chato quando se tratava de entrar em estúdio pra gravar algo ou então fazer um ensaio. Se tudo não estivesse perfeitamente encaixado, guitarra entrando na parte que ele queria, o Mason na bateria acompanhando o baixo do jeito certo, ele fazia todo mundo recomeçar até ficar tão bom quanto ele pudesse deixar. Eu não entendia essa ditadura, mas agora agradeço por ele ter sido tão exigente. Porque para o Floyd se tornar inesquecível como o Waters tanto quis só sendo extremamente perfeito, sem absolutamente erro nenhum.

Infelizmente, a banda só era extremamente foda quando os quatro caras funcionavam como uma 'unidade', todo mundo na mesma sintonia, só que não tem como negar que sem as letras do Waters talvez o Floyd fosse mais uma banda de rock progressivo entre tantas outras. Por exemplo, o que seria de Dark Side of the Moon sem a letra de Eclipse? Ou então de Time? Shine on you Crazy Diamond escrita e cantada originalmente por outra pessoa não teria o mesmo peso. E Cymbaline? Essa é pra mim uma das maiores composições do Waters, na transição de psicodélico pra progressivo. Mas eu sei que sem a voz do Gilmour, muitas das músicas do Waters não seriam o que são. Porque embora fossem muito perturbadoras, só o Gilmour conseguia imprimir calma nelas. Sem a voz dele, a beleza mórbida das letras do Waters não seria expressada do jeito certo. Assim como admito que o mesmo vale para a guitarra do Gilmour. Sem o solo de Time, nada faria sentido nessa vida, não é? Mas

Enquanto um membro do Floyd, o Waters escrevia com a alma dele. Não, sério mesmo, sem essas de ser brega. Ele buscava a parte mais obscura lá da alma dele pra compor suas canções. Mesmo as mais bonitas, ou são sarcásticas ou são depressivas ou são mórbidas. Tá, mas e o Sydão? Bom, eu continuo amando meu querido Syd Barrett de cabelos rebeldes, roupas coloridas e toda aquela infantilidade das composições do The Piper at the Gates of Dawn, mas é que depois de passar por tanto perrengue de uns cinco anos pra cá, acho que me tornei dura demais, então passei a entender o outro Roger melhor, e hoje são as letras dele que fazem sentido, não as do inocente e incompreendido diamante doido, que  continuo amando demais da conta.

E o Rick? Continua sendo o meu preferido de todos, meu Jesus Christ Superstar, com aqueles cabelos longos e barba e bigode da época do Pompeii. Sem os teclados dele, o Floyd não teria a aura sobrenatural tão importante pra mim. Através dos teclados do Wright, quantas vezes não saí de mim? Aqueles teclados exerceram uma influência psicodélica em meus dias alucinados de café, com apenas uma vitrola e a janela do meu quarto escancarada pra ver a lua alta no céu com trocentas estrelas ao redor. Quando ele morreu foi bem triste, não conseguia acreditar... e, bom, ainda não caiu a ficha. Até porque pra mim ele foi eternizado como aquele cara da época do Pompeii. Pra mim ele nunca envelheceu nem morreu, ele é aquilo ainda, e sempre será. E, pra dizer a verdade são todos, ainda, daquele jeito pra mim. Os caras que vejo hoje não são nem o Roger nem o David, são apenas dois velhos revivendo, nos seus respectivos shows solo, o que um dia foi o bom Floyd.

E já que abri meu coração sobre o que penso e sinto sobre um das bandas mais importantes da minha vida, uma coisa que me deixa realmente muito triste nisso tudo é que nunca verei a formação clássica junta. Rick morreu, não faz mais sentido. Lembro da emoção que senti em 2005 ao vê-los juntos no Live8, mas não cheguei a chorar. Estava tão extasiada, mesmo só assistindo pela TV, que esqueci de chorar. Na verdade chorei só quando meu irmão mais novo ameaçou desligar o vídeo-cassete só porque eu não tinha gravado o show da Joss Stone (que hoje ele nem lembra que existe). Pena que o entrosamento foi ensaiado, mas foi tão legal, tão importante pra mim. Já que nunca pude ir num show com todos vivos, pelo menos o Live8 quebrou o galho. E, bom, nem nunca irei. O máximo que vai acontecer é o Waters vir pro Brasil de novo e eu me debulhar em lágrimas no show dele.

Sendo assim, mesmo que só pelo show do Waters, se é que um dia ele volta de novo mesmo, meu Pink Floyd é para sempre e sempre e sempre e sempre e sempre...

Por uma fã louca e alucinada,
Carol.

15 de ago. de 2009

As mais belas são as mais tristes

Incrível como certas músicas me tocam de um jeito que não dá pra colocar muito bem em palavras. Não sei se elas me deixam contente ou se dá saudade ou se dá melancolia. É uma mistura de tudo. E geralmente trilhas sonoras de estórias que gosto me emocionam demais com determinadas músicas que me abalam de um jeito que pra eu voltar ao meu normal, às vezes demora um dia todo, às vezes só fico bem no dia seguinte. Sou maluca, eu sei. Como, por exemplo, a música Evacuating London da trilha sonora de As Crônicas de Nárnia: o Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa. Não sei bem se é uma música triste mas e traz esse sentimento, só não sei dizer se é porque dentro do contexto do filme ela toca no momento em que os Pevensies deixam Londres para morar com o professor Digory. A cena em si é muito triste, a despedida, todas as mães juntas na estação de trem se separando dos filhos que iam para lugares seguros fora de Londres, que estava sendo bombardeada pelos nazistas. A carinha da Lucy é de cortar o coração. Então, sim, talvez seja uma música muito triste. A voz da solista é maravilhosa e ela não canta palavras que expressem uma ideia, só alguns sons que apenas parecem dizer alguma coisa. Eu acho isso tão bom, ficar imaginando se ela realmente estava dizendo algo ou não, porque em determinados momentos ela parece dizer "one day find love deep there." ("Um dia encontre o amor lá no fundo."). Já chorei vendo Nárnia por causa da trilha sonora em conjunto com determinadas cenas várias vezes.

Outra música de trilha sonora que me deixa arrepiada é uma de O Senhor dos Anéis: As Duas Torres. Gollum Song conseguiu exprimir toda a solidão do pobre Gollum através de uma cantora com voz de anjo chamada Emiliana Torrini. Dá pra imaginar o próprio Gollum cantarolando para seu outro eu os versos "These tears we cry are falling rain, for all the lies you told us, the hurt, the blame. and we will weep to be so alone, we are lost, we can never go home." ("Essas lágrimas que choramos são como chuva torrencial, por todas as mentiras que você nos contou, a dor, a culpa. e nós choraremos por estarmos tão sozinhos, estamos perdidos, nunca poderemos voltar pra casa.") É de partir o coração, mas é maravilhoso. Mais uma que está na mesma trilha e me deixa extremamente triste é Evenstar com a cantora Isabel Bayrakda, e os versos em élfico dizem "não é o fim, é o começo, você não deve hesitar agora." e toca na cena em que o Elrond diz para a Arwen que deve seguir com os elfos para o Oeste. E como argumento para convencê-la, diz que esperar pelo Aragorn só vai lhe trazer sofrimento, ele morrerá eventualmente, e ela passará todas as eras de sua vida em solidão. A cena é tão linda e tão triste (gastei minha cota da palavra 'triste' nesse post) que me deixa meio desolada vê-la se imaginando parada em frente ao túmulo do Aragorn depois de muitos e muitos anos, toda vestida de preto, a solidão e a saudade imprimida no rosto dela. Choro que nem bebê. 

Que venham mais trilhas de bons filmes para me emocionar.